Identidade, história de um conceito e o conceito de história uma arqueologia nos dicionários de língua portuguesa
Identidade, história de um conceito e o conceito de história [recurso eletrônico] : uma arqueologia nos dicionários de língua portuguesa / Renato de Araújo Monteiro ; orientador, Rodrigo Bonoldo ; coorientador, João Klug
Data de publicação
2024
Descrição física
313 p.
Nota
Disponível somente em versão on-line.
Tese (doutorado) – Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História, Florianópolis, 2024.
Inclui referências.
Pesquisa sobre a história do conceito de identidade realizada a partir dos registros dos dicionários de língua portuguesa. Inspirado na obra As palavras e as coisas, de Michel Foucault, seu procedimento arqueológico localiza, em primeiro lugar, os significados contidos nos verbetes dedicados às variantes desse lexema. Num segundo momento, passa da heurística à hermenêutica, descrevendo os principais sentidos de identidade que podem ser inferidos dessas acepções. Por último, insere tais resultados em seus respectivos regimes epistemológicos, articulando-os às condições mais decisivas que tornam possíveis o próprio ato lexicográfico, sua concepção de linguagem, temporalidade específica e relação com o conceito de história predominante em cada contexto. Também propõe uma aproximação com estudos recentes nas áreas de história da historiografia e historiografia linguística realizados no Brasil. A categorização epocal situa uma lexicografia latinoportuguesa, que recobre os séculos XVI, XVII e XVIII, detentora de um conceito metafísico de identidade, tributário de perspectivas escolástico-aristotélicas fundadas no continuum da semelhança. Uma lexicografia monolíngue-clássica, do final do século XVIII ao final do XIX, que registra e constitui um regime racionalista, fundamentado nos quadros taxonômicos das asserções absolutas de identidade e diferença. E uma lexicografia moderna, que emerge a partir do final de século XIX com o conceito aporético, reflexivo e temporalizado de uma identidade que concebe o mesmo como outro, configurando uma ontologia que se manifesta fundamentalmente na dimensão da história. Assim como Koselleck reconhece, no limiar da modernidade, uma inédita temporalização do próprio conceito de história, pode-se dizer que, destemporalizada e baseada em procedimentos lógico-comparativos estáticos e espacializados, é como se até então a história não existisse, e o que existia, em seu lugar, era a identidade. Ao passo que, no advento da modernidade, é a identidade que deixa de existir para dar luga à história. O historicismo moderno representa, portanto, o fim da identidade, e esta, quando retornar, já será diferença.
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502 - Nota de dissertação | # | # |
$aTese (doutorado) – Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História, Florianópolis, 2024. |
504 - Nota de bibliografia, etc. | # | # |
$aInclui referências. |
520 - Resumo, etc. | # | # |
$aPesquisa sobre a história do conceito de identidade realizada a partir dos registros dos dicionários de língua portuguesa. Inspirado na obra As palavras e as coisas, de Michel Foucault, seu procedimento arqueológico localiza, em primeiro lugar, os significados contidos nos verbetes dedicados às variantes desse lexema. Num segundo momento, passa da heurística à hermenêutica, descrevendo os principais sentidos de identidade que podem ser inferidos dessas acepções. Por último, insere tais resultados em seus respectivos regimes epistemológicos, articulando-os às condições mais decisivas que tornam possíveis o próprio ato lexicográfico, sua concepção de linguagem, temporalidade específica e relação com o conceito de história predominante em cada contexto. Também propõe uma aproximação com estudos recentes nas áreas de história da historiografia e historiografia linguística realizados no Brasil. A categorização epocal situa uma lexicografia latinoportuguesa, que recobre os séculos XVI, XVII e XVIII, detentora de um conceito metafísico de identidade, tributário de perspectivas escolástico-aristotélicas fundadas no continuum da semelhança. Uma lexicografia monolíngue-clássica, do final do século XVIII ao final do XIX, que registra e constitui um regime racionalista, fundamentado nos quadros taxonômicos das asserções absolutas de identidade e diferença. E uma lexicografia moderna, que emerge a partir do final de século XIX com o conceito aporético, reflexivo e temporalizado de uma identidade que concebe o mesmo como outro, configurando uma ontologia que se manifesta fundamentalmente na dimensão da história. Assim como Koselleck reconhece, no limiar da modernidade, uma inédita temporalização do próprio conceito de história, pode-se dizer que, destemporalizada e baseada em procedimentos lógico-comparativos estáticos e espacializados, é como se até então a história não existisse, e o que existia, em seu lugar, era a identidade. Ao passo que, no advento da modernidade, é a identidade que deixa de existir para dar luga à história. O historicismo moderno representa, portanto, o fim da identidade, e esta, quando retornar, já será diferença. |
520 - Resumo, etc. | 8 | # |
$aAbstract: Research on the history of the concept of identity conducted through the analysis of Portuguese language dictionaries. Inspired by Michel Foucault's work The Order of Things, its archaeological procedure first locates the meanings contained in entries dedicated to variants of this lexeme. Subsequently, it transitions from heuristic to hermeneutic, describing the main senses of identity that can be inferred from these acceptations. Finally, it situates these results within their respective epistemological frameworks, articulating them with the most decisive conditions that make the lexicographical act itself possible, its conception of language, specific temporality, and relationship with the predominant concept of history in each context. It also proposes an approach to recent studies in the areas of historiography history and linguistic historiography conducted in Brazil. The epochal categorization identifies a Latin-Portuguese lexicography, spanning the XVI, XVII, and XVIII centuries, characterized by a metaphysical concept of identity, indebted to scholastic-Aristotelian perspectives founded on the continuum of similarity. A monolingual-classical lexicography, from the late XVIII to the late XIX century, which records and constitutes a rationalist regime, based on the taxonomic frameworks of absolute assertions of identity and difference. And a modern lexicography, emerging from the late XIX century onwards, with the aporetic, reflexive, and temporalized concept of an identity that conceives the same as other, manifesting an ontology fundamentally in the dimension of history. Just as Koselleck recognizes, at the threshold of modernity, an unprecedented temporalization of the concept of history itself, it can be said that, detemporalized and based on static and spatialized logical-comparative procedures, until then history did not exist, and what existed, instead, was identity. Whereas, with the advent of modernity, it is identity that ceases to exist to give way to history. Modern historicism thus represents the end of identity, and when it returns, it will already be difference. |
650 - Ponto de acesso secundário de assunto - Termo tópico | 0 | 4 |
$aHistória |
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700 - Ponto de acesso secundário - Nome pessoal | 1 | # |
$aBonaldo, Rodrigo, |
700 - Ponto de acesso secundário - Nome pessoal | 1 | # |
$aKlug, João, |
710 - Ponto de acesso secundário - Entidade coletiva | 1 | # |
$aUniversidade Federal de Santa Catarina. |
856 - Localização e acesso eletrônicos | 4 | 0 |
$zVersão integral em pdf |