Perspectivas sobre o aborto legal em caso de gravidez decorrente de estupro na História do Direito Penal Brasileiro (1940-1998) interpretações jurídicas e estratégias de resistência feminina
Título principal
Perspectivas sobre o aborto legal em caso de gravidez decorrente de estupro na História do Direito Penal Brasileiro (1940-1998) [recurso eletrônico] : interpretações jurídicas e estratégias de resistência feminina / Bárbara Madrugada da Cunha ; orientador, Diego Nunes
Data de publicação
2024
Descrição física
298 p.
Nota
Disponível somente em versão on-line.
Tese (doutorado) – Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Jurídicas, Programa de Pós-Graduação em Direito, Florianópolis, 2024.
Inclui referências.
Perspectivas sobre o aborto legal em caso de gravidez decorrente de estupro na História do Direito Penal Brasileiro (1940-1998) [recurso eletrônico] : interpretações jurídicas e estratégias de resistência feminina / Bárbara Madrugada da Cunha ; orientador, Diego Nunes
Data de publicação
2024
Descrição física
298 p.
Nota
Disponível somente em versão on-line.
Tese (doutorado) – Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Jurídicas, Programa de Pós-Graduação em Direito, Florianópolis, 2024.
Inclui referências.
A pesquisa objetiva compreender os sentidos atribuídos à hipótese legal de aborto em caso de gravidez decorrente de estupro (art. 128, II) prevista no Código Penal de 1940 desde a elaboração da legislação até a publicação da Norma Técnica do Ministério da Saúde em 1998, que regulamenta o serviço de aborto legal no SUS. Para isso, parte de uma perspectiva feminista e multinormativa do fenômeno jurídico, propondo uma metodologia que se utiliza de forma combinada de fontes doutrinárias, jornalísticas, normativas e parlamentares para analisar os tensionamentos existentes entre as interpretações tradicionais dadas à hipótese legal de aborto no Código Penal e aquelas reivindicadas pelo movimento feminista a partir do processo constituinte. O estudo constata que o debate foi iniciado pela comunidade médica no contexto da I Guerra Mundial e que o aborto em caso de estupro foi previsto no Código Penal de 1940 sem uma ampla mobilização social. Revela que a doutrina jurídica, de modo geral, compreendia o aborto em caso de gravidez decorrente de estupro enquanto uma excludente de ilicitude voltada ao médico, entendendo que a mulher não tinha autonomia para realizar o procedimento caso se encontrasse nessa situação. Ao demonstrar que os juristas continuavam a associar a violência sexual à proteção da honra e não admitiam o crime de estupro dentro das relações conjugais, o trabalho sustenta que a previsão legal do aborto buscava originalmente proteger as famílias legítimas, resguardando o direito sexual do homem sobre sua esposa. A tese ainda revela que essa norma só passou a ser compreendida como um direito feminino a partir da repercussão das mobilizações internacionais pela legalização do aborto, iniciadas nos anos 1970, e da articulação do movimento feminista no Brasil, no contexto de redemocratização. Conclui que só foi possível criar iniciativas governamentais que reconhecessem o aborto legal como um direito da mulher e um dever do Estado por meio dos direitos consagrados na Constituição Federal de 1988. O trabalho contribui com a análise dos limites da constitucionalização do direito penal, defendendo a criação de uma lei que obrigue a prestação de serviços de aborto legal no SUS, como uma estratégia de consagração desse direito.